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Social Democrats vote in favor of coalition talks in Germany

Social Democrats vote in favor of coalition talks in Germany

With a difference of less than 100 votes, the social democratic party (SPD) have decided to continue coalition talks with Merkel’s Christ Democrats (CDU). This was an important victory for Merkel as she would be forced, in case of a “no” vote, to build a minority government or call for new elections, scenarios in which Germany would remain without a government for several months. The vote, however, means no commitment to a coalition. Exploratory talks are likely to continue until a final agreement is reached which will also require the approval of SPD members to become binding. With this result, Germany is likely to have a government by Easter.

It was not an easy win for SPD leader Martin Schulz. He faced a fierce resistance within the party, in particular from its youth movements, who spearheaded the campaign against a reedition of a Great Coalition. Despite the victory, the “yes” from his party was no carte blanche for Schulz. During the afternoon debates in the SPD congress in Bonn, several party members highlighted the role of the SPD as an alternative to the conservative alliance led by Merkel and the cap for refugees as a redline for the party to agree on taking part in the new government. The cap for refugees was one of the themes covered by the preliminary agreement between the SPD and the CDU earlier this week which will likely have to be renegotiated if Schulz wants his part to approve a coalition agreement.

Another concern among SPD member is the electoral success of their party. Last elections were the worst result ever for the social democrats who lost votes not only on the left but also the populist right-wing AfD. Largely to blame is the lack of an SPD footprint in the last government. Merkel hijacked the social agenda of the social democrats trapping Schulz into a situation in which the SPD and CDU had no meaningful divergences that justified his candidacy to the chancellorship. Merkel also paid her price for this move and had to witness a rebellion of its more conservative voters, many of whom also migrated to the AfD.

The result of the vote this afternoon is also good news for Germany’s European partners, in particular France, country that, since the election of Emmanuel Macron, became Germany’s closest ally. Merkel and Macron met this week to discuss their joint vision for a post-Brexit Europe which includes new plans for European defense and the economy of the Eurozone. With the need for new elections or a minority government in Germany, Macron and Merkel would likely have to halt their agenda of reforms missing an important window left by the pessimistic atmosphere regarding the impact of Brexit in the economy of the UK. Differently from the issue of refugees, the strengthening the European Union is a topic in which the CDU and the SPD are aligned. An increase in the German budget for the EU was already agreed in the preliminary talks between the two parties and will hardly be an issue in the weeks to come.

Although the approval of the SPD this afternoon is no guarantee of successful talks, Schulz cleared his way to at least move on with negotiations, also with a much better idea of the limits imposed by his party on sensitive topics such as the refugees’ cap. Both parties, CDU and SPD, seem willing to prevent a minority government or new elections, however, as Schulz stressed in his remarks before the vote, “we must not govern at any cost, but neither should we refuse to govern at any cost”. Complex negotiations will follow, but unless an unbridgeable gap emerges between Merkel’s and Schulz’s parties, the most likely outcome is a new Great Coalition.

Novo rumo para a política europeia

Novo rumo para a política europeia

Em 13 de junho, líderes nas áreas de economia e finanças da União Europeia e dos Estados Unidos, incluindo o Ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble, encontraram-se em Berlim para o G20 Day, evento que antecede a reunião de cúpula do G20 programada para os dias 7 e 8 de julho deste ano em Hamburgo.

Foram debatidos ao longo do dia alguns dos temas que farão parte da agenda do encontro de julho tais como a construção de um sistema financeiro mais resiliente, o impacto das novas tecnologias na área de finanças e políticas de combate as mudanças climáticas. Contudo, foi o atual cenário político europeu que ganhou destaque, sobretudo na fala do ministro alemão. Antes ameaçado pela ascensão de partidos de extrema-direita, pelo Brexit, e pelo impacto da eleição de Donald Trump, o projeto de integração europeu parece ter ganhado novo fôlego. Schäuble, bem como os panelistas que o antecederam, foram enfáticos na defesa de uma maior integração europeia como resposta para os desafios que o bloco vem enfrentando desde a crise de 2008.

Entre os eventos que motivaram essa mudança de postura, a eleição de Emmanuel Macron merece destaque. O novo presidente francês vem se mostrando favorável ao aprofundamento da integração europeia sobretudo nas áreas fiscal e de defesa, projetos também apoiados pelo governo da chanceler Angela Merkel, que, por sua vez, também vem adotando uma postura mais enfática em relação ao papel da União Europeia na manutenção da ordem internacional.

Em comício na Baviera, a chanceler alemã afirmou que os europeus “devem tomar seu destino nas próprias mãos” e que “o tempo em que a Europa podia contar completamente com seus aliados havia, de certa forma, ficado para trás”. Apesar de não o citar nominalmente, o discurso de Merkel faz clara referência a performance desastrosa de Donald Trump nas reuniões de cúpula do G7 e da OTAN em abril. Para além de criar entraves aos debates sobre a implementação do Acordo de Paris, e posteriormente retirar-se do acordo, Trump se negou a endossar o artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte criando uma atmosfera de incerteza em relação ao comprometimento dos EUA com a aliança atlântica.

O presidente estadunidense também foi tema nos debates da última terça. Ao ser questionado sobre o futuro da parceria entre a União Europeia e os Estados Unidos, Schäuble afirmou que os EUA continuarão a ser um importante parceiro da UE, no entanto, a Europa continuará trabalhando, agora de forma independente, em áreas como o combate as mudanças climáticas.

Para além da eleição de Macron e do isolacionismo de Trump, a incerteza em relação a forma como se dará a saída do Reino Unido da União Europeia também contribuiu para a mudança de postura dos líderes europeus em relação ao futuro da UE. Os negociadores britânicos que, ao que indicam as declarações da primeira-ministra Theresa May, se preparavam para um “hard Brexit”, saída irrestrita do Reino Unido do mercado comum europeu, agora trabalham para reformular sua estratégia de negociação após o revés sofrido pela primeira-ministra que perdeu sua maioria no parlamento em eleições convocadas por ela mesma em abril.

A incerteza em relação ao Brexit foi tema recorrente no evento em Berlim. Apesar do cenário atual apontar para um “soft Brexit”, em que o Reino Unido teria acesso ao mercado comum, porém sem representação nas instituições europeias e possivelmente seria forçado a aceitar a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capital, a fala de Schäuble parece indicar que a estratégia da UE não sofreu alterações e que o bloco continuará se preparando para o pior cenário. Isso inclui tomar medidas preventivas para reduzir o impacto da saída do Reino Unido no sistema bancário e financeiro do bloco. O ministro, contudo, não deu maiores detalhes sobre quais seriam essas medidas.

Apesar do tom diplomático, as considerações de Schäuble durante o G20 Day em Berlim deixam claro a mudança de tom do discurso alemão. Fortalecida pelo apoio de Macron, Merkel enxergou no contexto adverso uma oportunidade, ou talvez a necessidade, de fortalecer a União Europeia e a posição de liderança do bloco na manutenção da ordem internacional. Caberá agora ao povo alemão decidir nas eleições de setembro se subscreve ou não a visão da chanceler alemã.

 

*Artigo publicado originalmente na edição impressa do jornal Correio Braziliense (26/06/2017)